sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Orto... O que mesmo?

A todo momento estamos sujeitos a avaliações, leituras de alheios que estão a nos julgar por qualquer que seja uma ação, um olhar, um comentário e, mais ainda, um texto. Mais isso que outra, o escrever sempre está sujeito aos maus olhares; procura-se semper o que criticar, antes mesmo de se observar as virtudes na construção de um discurso. Os trocadilhos prontos, momentos que nos geram quinze minutos de gargalhadas aos quinze minutos de fama do outro, aparecem semanalmente em canais online, ou mesmo nos telejornais da televisão.

Um dos nossos presidenciáveis, o ilustre candidato José Serra, foi vítima de um episódio de infortúnio devido à sua campanha, uma propaganda durante começo das transmissões do horário eleitoral. Em tal, o candidato lançava mão de uma construção argumentativa em que se comparava com o povo brasileiro, em um chavão que foi alvo de chacota: “Brasileiros como ele, como a mãe dele que eu conheci também, como a Vânia que é sua mulher, como o Damião, como a Andreia, como a Dona Maria(...)”. Um trocadilho pronto para ser lembrado durante toda a campanha eleitoral.

Apesar disso, o que mais chama a atenção são as graçolas que estão p

rontas para serem caçoadas por muito tempo são aquelas em que a ortografia, ou mesmo a morfossintaxe, da norma culta do português escrito, é transgerdida de modo luminoso. Sinais, placas, propagandas que não passam por uma revisão atenciosa sofrem sempre problemas; mas, de atentar-se ainda mais, são as sinalizações populares espalhadas pelo Brasil. Sinais como “Ceja bem-vindo e esprimente a linguiça”, ou mesmo “Vende-si esta caza” são sempre lembradas na sabedoria popular.

Mas afinal, por que se escreve assim? A resposta está na face de quem inquere: fala-se assim. As vinte de quatro letras do alfabeto (após o novo acordo ortográfico) são colocadas para representar mais do que vinte e quatro fonemas que existem na língua portuguesa; sendo assim,

por que escrever casa e não caza? Afinal, apredemos, em nossa alfabetização, que a letra z representa o fonema /z/.

É tudo uma questão de padronização e convenção que se estabeleceu para a ortografia do português. Ortografia é uma derivação de duas palavras gregas: ortós que significa reto, noventa graus, assim, correto; e grafé, que significa escrito, letra. Escrever corretamente segundo uma norma, uma convenção, desvendar a ortografia é desvendar a norma culta do português. Representar a língua falada a partir de símbolos é uma tarefa não muito simples de convencionar, mas que deve ser aprendida.

Não podemos nos enganar pela escrita, já que são símbolos que escondem o que realmente se fala. O que se pode ver em registros como “Ser moça é facio, deficio é ser vige” é como, popularmente, se vê a língua escrita: muito mais próxima da língua falada.

Este blog não tem nenhuma afilização partidária, portanto, qualquer leitura tendenciosa em termos eleitorais está transviada do verdadeiro viés que quero abarcar, sendo ele a língua e seus fabulosos fenômenos.

Um comentário:

  1. O mais importante é que a linguagem cumpra o seu papel, o de comunicar-se e ser entendido...

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